segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Opinião: Márcio Miranda, o novo Duciomar?




Você sabia que o marqueteiro do Márcio Miranda é o mesmo que elegeu o Duciomar Costa, em 2008?

Pois é. Naquela época, a população de Belém estava cansada do Duciomar e dos vários escândalos que o envolviam.

Mas o Orly Bezerra, o marqueteiro do Duciomar, conseguiu convencer os belenenses de que o prefeito era bom, humilde, honesto e trabalhador.

Um “tremendo ficha limpa”, para usar uma expressão tão em moda hoje em dia.

No ano passado, porém, a população da cidade descobriu, estarrecida, quem é de verdade o ex-prefeito: Duciomar foi preso pela Polícia Federal, sob a acusação de chefiar uma quadrilha que teria, literalmente, saqueado a Prefeitura de Belém.

Só na investigação que levou à prisão dele, a suspeita era a de um rombo de R$ 400 milhões.

Agora, o marqueteiro de Duciomar tenta eleger Márcio Miranda ao Governo do Estado.

E as semelhanças entre os dois candidatos e as campanhas deles são de arrepiar.

Assim como Márcio Miranda, Duciomar sempre foi um aliado dos tucanos (tanto que até deu emprego, na PMB, a vários parentes do governador Simão Jatene).

Mas foi nas eleições de 2008 que esse apoio se escancarou: até o marqueteiro do PSDB, o Orly Bezerra, foi enviado para turbinar a campanha de Duciomar, que tinha rejeição altíssima e perigava não se reeleger.

E aqui vou abrir um parêntese, só para você entender quem é essa figura sinistra: a empresa do Orly, a Griffo Comunicação, ganha todas as milionárias licitações de propaganda dos governos do PSDB.

Ou seja, o Orly faz a campanha do candidato do partido e a Griffo, “milagrosamente”, ganha a licitação que o cara manda fazer, depois de empossado.

Isso acontece desde 1995, quando o PSDB chegou ao Governo do Estado pela primeira vez, e se repete até hoje, numa “coincidência” tão improvável quanto ganhar na Megassena 10 vezes seguidas: http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=07/10/2018&pagina=14 

Pois muito bem: na campanha de 2008, para diminuir a rejeição do Duciomar, o Orly Bezerra apelou para o coração do eleitorado.

Duciomar foi apresentado como um “homem simples”, de origem humilde, que veio morar em Belém ainda criança, junto com os pais e 12 irmãos, e imediatamente se apaixonou pela cidade.

No entanto, em sua “trajetória de sucesso”, Duciomar jamais teria se esquecido de suas raízes humildes. Seria, enfim, um “homem do povo”, sempre à serviço da coletividade...

Alguma semelhança com a imagem de médico humilde, de origem pobre e dedicado aos pobres, do Márcio Miranda, na qual o Orly quer que o eleitorado acredite? O mineiro que se “apaixonou” pelo Pará e quer fazer “de um tudo” pelo Pará?

Tem mais. Naquela campanha de 2008, quem concorria à Prefeitura, em oposição ao Duciomar, era o deputado José Priante, da família Barbalho.

E aí, como sempre faz, o Orly mostrou os Barbalho, na campanha, como os “grandes demônios” da política paraense; os responsáveis por tudo o que de ruim acontece no Pará, apesar de eles não comandarem o Governo desde 1994.

A estratégia, que se repete agora, é mais uma maneira de enganar o eleitor.

Como a maioria das pessoas pensa sempre em termos de “bem” e de “mal”, identificar os Barbalhos como “demônios” ou como a “turma do mal”, faz com que você pense que, do outro lado, está a “turma do bem”, repleta de criaturinhas angelicais: Duciomar, Jatene, Zenaldo, Márcio Miranda.

Pois é. Jatene, que foi apenas professor e funcionário público, além de cantor desafinado, hoje está milionário. E a família dele também.

Só o Alberto Jatene, filho do governador, foi flagrado pelo Ministério da Fazenda, no ano passado, movimentando R$ 13 milhões, só de um dinheiro que ele tinha livre, para pagamentos a uma seguradora: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2018/05/filho-de-jatene-paga-r-13-milhoes-uma.html 

Já o prefeito Zenaldo Coutinho (que também teve as campanhas eleitorais comandadas pelo Orly e já pagou milhões à Griffo) é acusado, pela Controladoria Geral da União (CGU), de um superfaturamento de R$ 47 milhões no BRT: https://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-496251-cgu-aponta-que-obra-do-brt-esta-superfaturada-em-r$-47-milhoes.html 

Quanto ao Duciomar, acho que nem é preciso falar, né? Quando ele foi preso, no luxuoso condomínio Green Ville, a polícia encontrou na casa dele até uma máquina de contar dinheiro, além de R$ 210 mil em dinheiro vivo: http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/ex-prefeito-de-belem-duciomar-costa-e-preso-em-operacao-do-mpf 

Hoje, Márcio Miranda, o mais novo “ficha limpa do Orly” é alvo de várias investigações pelo Ministério Público, da mesma forma que o Duciomar, em 2008.

Márcio Miranda é investigado por suposta improbidade administrativa: ele teria usado recursos e funcionários públicos em sua campanha ao Governo: https://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-536573-mpe-vai-investigar-marcio-miranda-por-campanha-antecipada-e-uso-de-verbas.html 

Em outro inquérito, Miranda também é investigado por suspeita de improbidade: ele e empresas da família dele teriam se beneficiado do dinheiro repassado pelo Governo do Estado e pela Assembleia Legislativa (Alepa) ao Instituto Mercina Miranda, que ele mantém em Castanhal. http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=30/09/2018&pagina=10 

O novo “ficha limpa do Orly” é acusado até de crime de peculato: ele teria se aposentado irregularmente, com apenas 6 anos de serviço ativo na PM, o que teria lhe rendido R$ 1,5 milhão em pagamentos irregulares. O juiz rejeitou a denúncia, mas o MP recorreu da decisão, porque está convicto de que Miranda cometeu, sim, um crime. Aqui: http://www.mppa.mp.br/index.php?action=Menu.interna&id=9799&class=N E aqui: http://digital.diariodopara.com.br/web/?state=zoom&data=12/10/2018&pagina=2 

Quer dizer: são enormes as semelhanças entre Duciomar e Márcio Miranda.

Ambos, aliás, passaram boa parte da vida como parlamentares inexpressivos e nunca tiveram suas carreiras investigadas de perto, a não ser quando resolveram alçar vôos mais altos na política.

Então, talvez seja o caso de se dizer: Não se esqueça do Duciomar! Não se esqueça do Duciomar, caro eleitor!

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