quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Direto do Face: Um cheiro de golpe no ar





Concordo em grande parte com a análise abaixo do Luís Felipe Miguel, e até já adiantei, de certa forma, esses cenários sombrios: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2018/09/o-sangue-do-teu-irmao-clama-mim-desde.html 

Mas os últimos movimentos desse xadrez têm me feito pensar ainda mais na hipótese de um novo golpe (ditadura) militar. 

Vejam só: tudo indica que o coiso é, sim, uma tentativa de os militares assumirem o poder através do voto, o que os deixaria à vontade para cometer todo tipo de barbaridades contra a Constituição (inclusive, reescrevê-la sem Constituinte), sob o argumento de que a maioria da população assim o deseja. 

Em tal hipótese, o coiso seria apenas um fantoche, um elemento descartável: tanto poderia permanecer no cargo, enquanto não representasse problemas, quanto poderia, se fosse o caso, renunciar mais adiante, entregando o poder formalmente ao general, que, aliás, é superior hierárquico do coiso. 

É uma jogada inteligente: os militares podem até “apontar as baionetas” contra os ministros do Supremo, como fizeram para garantir a prisão do Lula. Mas assumirem o poder na base das “baionetas” seria um pouco demais, em termos internacionais. Já se estiverem munidos do poder do voto, poderão alegar que estão a agir “democraticamente”. 

No entanto, se essa estratégia falhar, partem para o plano B: questionam a lisura do Judiciário e afirmam que houve “fraude eleitoral”. E como temos um Legislativo enfraquecido, desgastado por denúncias de corrupção, não terão (aparentemente) grande dificuldade em suprimir as instituições, para impor o resultado que lhes parecer “correto”. 

É claro que essa alternativa será bem mais traumática internacionalmente e exigirá bem mais explicações. Mas há, sim, cheiro de ditadura militar no ar, como nunca desde 1964. 

E a grande incógnita é se as forças democráticas, com a sua maior liderança popular atrás das grades e com divisões tão imensas que nem mesmo a ameaça do fascismo parece conseguir contornar; se essas forças conseguirão se mobilizar, e se mobilizar a tempo, de impedir essa tragédia. 

Vejam bem: quando Vargas fechou o regime, em 1937, e quando os militares assumiram o poder, em 1964, a sociedade brasileira era muito diferente daquela que temos hoje. 

Hoje, os avanços democráticos (para as mulheres, os negros, os LGBT, os índios) não têm paralelo na história do Brasil. 

A organização da sociedade civil e os grandes partidos políticos (PMDB, PSDB e PT, com todos os seus defeitos e quer se goste deles ou não) conseguiram, sim, trazer muitas conquistas, em termos de direitos, para a sociedade brasileira. 

E uma ditadura, em tais condições, terá de ser muito mais violenta, muito mais repressiva, muito mais sangrenta, do que em 1937 e em 1964. 

E são os nossos jovens, os nossos filhos e netos, que enfrentarão essa parada e os que mais sofrerão. 

Leiam o artigo “Dois caminhos para a ditadura”, do professor de Ciência Política da UNB, Luís Felipe Miguel:

E que Deus tenha misericórdia do Brasil.

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