quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fotos históricas do senador Mário Couto como porta-voz do Jogo do Bicho na década de 80, publicadas com exclusividade pela Perereca da Vizinha, são reproduzidas em reportagem do Congresso em Foco. Mas Couto nega que foi bicheiro.

O hoje senador Mário Couto entre os principais banqueiros do Jogo do Bicho da Belém da década de 80.



E olha ele aqui de novo! Ele mesmo: o senador Mário Couto Filho




 A Perereca está assoberbada de trabalho, com um verdadeiro “engarrafamento” de reportagens, mas não pode deixar passar esta: as fotos históricas garimpadas pelo blog mostrando o hoje senador Mário Couto Filho entre os principais bicheiros de Belém na década de 80 chegaram ao Congresso em Foco, um dos principais sites de jornalismo político do País.
 
No último dia 11, o Congresso em Foco publicou reportagem com o título “Mário Couto já foi ‘porta-voz’ dos bicheiros do Pará”, baseada justamente em páginas dos jornais da década de 80, resgatadas pela Perereca da Vizinha no arquivo público do Pará. 

A postagem “Nos Tempos da Bicharia”, publicada em 16 de março deste ano, está aqui:

O blog lamenta, é claro, que o Congresso em Foco não tenha citado a fonte do material. 

Compreende, no entanto, que informação não tem dono. Por isso, comemora que ela, a informação, seja, agora, do conhecimento de boa parte do Brasil.

Mas, deixando as abobrinhas de lado, veja que coisa impressionante, caro leitor: apesar das fotos históricas e do noticiário dos três principais jornais da Belém da década de 80, Mário Couto continua a negar que foi bicheiro.

Com aquele enorrrme perobal que Deus lhe deu, Couto afirmou ao Congresso em Foco: “Em primeiro lugar, quero dizer que nunca fui bicheiro. Isso é coisa que eu carrego nas minhas costas desde meus 26 anos, quando eu fiz uma escola de samba, doido para conhecer mulatas, e levei o Joãozinho Trinta pra lá”.
  
Segundo o hoje senador, o “carimbo” de contraventor veio do fato de, vez por outra, receber uma ajudinha dos bicheiros.

Contou Mário Couto ao Congresso em Foco: “Ele (Joãozinho Trinta) me disse: ‘Olha, isso (conhecer mulatas) custa muito caro, você tem que conhecer alguns bicheiros. Eu conheci uns dois ou três… Tinha tempo em que eles ajudavam, tinha tempo em que não ajudavam… e, aí, eu fiquei com o carimbo”.

Uma coisa a gente tem de reconhecer acerca de Mário Couto: como se diz em Portugal, ele tem muita, mas muita lata...

Leia abaixo a reportagem publicada pelo Congresso em Foco:

“Mário Couto já foi “porta-voz” dos bicheiros do Pará

Senador paraense defendeu a legalização do jogo do bicho na quarta-feira (9). Em reportagens dos anos 80, ele é identificado como bicheiro. Embora reconheça as notícias e admita os fatos narrados, ele nega ter sido contraventor.

por Fábio Góis | 11/05/2012 07:00

Na última terça-feira (8), durante sessão do Conselho de Ética do Senado que levou à abertura de processo de cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), envolvido com o bicheiro preso Carlinhos Cachoeira, o senador Mário Couto (PSDB-PA) causou constrangimento entre seus pares ao defender a legalização do jogo do bicho. 

“Se isso (apostas em corrida de cavalo) é liberado, por que os outros jogos não são? Corrida de cavalo é liberada no Brasil. O Senado precisa abrir o debate. A quem compete fiscalizar a contravenção?”, disse o tucano.

“Legaliza (o jogo do bicho), põe um fundo para futebol, para os pobres, para a saúde, cobra imposto dos caras (bicheiros). Eles estão ficando ricos e não pagam um tostão para o Estado. Se for pegar o Brasil inteiro, quantos bilhões de reais circulam (por meio do bicho)? Você faz uns 300 hospitais de grande porte a cada semestre”, arrematou Mário Couto. 

Seria mais uma exposição de pensamento, tão comum no Senado, não fosse o histórico do senador no Pará. Em 1988, numa pendenga entre representantes do jogo do bicho e o governo do estado, Mário Couto aparece em várias reportagens de jornais paraenses como bicheiro, dono da banca de bicho “A Favorita”. 

Mais do que isso, ele convocou entrevistas coletivas dos contraventores, e é apresentado nas reportagens como “porta-voz” do jogo do bicho.

Conhecer umas mulatas

Embora se reconheça nas fotos e admita que, de fato, participou na ocasião das entrevistas coletivas feitas pelos bicheiros, Mário Couto nega que tenha pertencido à mesma categoria. “Em primeiro lugar, quero dizer que nunca fui bicheiro. Isso é coisa que eu carrego nas minhas costas desde meus 26 anos, quando eu fiz uma escola de samba, doido para conhecer mulatas, e levei o Joãosinho Trinta (carnavalesco morto em dezembro de 2011) pra lá".

Mas conhecer as mulatas, como queria Mário Couto, custa dinheiro. E, segundo o próprio senador, quem providenciou foram os bicheiros.

 “Ele me disse: ‘Olha, isso custa muito caro, você tem que conhecer alguns bicheiros. Eu conheci uns dois ou três… Tinha tempo em que eles ajudavam, tinha tempo em que não ajudavam… e, aí, eu fiquei com o carimbo”, argumentou o senador, em entrevista concedida ao Congresso em Foco.

Assembleia dos bicheiros

Amigo ou mais que isso, o fato é que o hoje senador foi fotografado em “assembleia permanente” dos bicheiros iniciada em 4 de abril de 1988,  quando o grupo reagiu às ameaças do delegado Clóvis Martins, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), que ameaçava “estourar” as fortalezas do jogo do bicho no Pará, em operação coordenada com as forças de segurança pública paraenses. 

Os bicheiros contra-atacaram com uma ameaça de abertura de comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Pará para apurar o envolvimento do próprio Clóvis Martins com a contravenção. E foi assim que Mário Couto apareceu nos jornais como “porta-voz” do grupo.

A explicação para o enfrentamento de um agente da repressão tem motivos menos republicanos: segundo as afirmações do próprio “porta-voz” Mário Couto, o jogo do bicho seria operado com o aval do então governador paraense, Hélio Gueiros, que recebia mensalmente Cz$ 1.600.000,00 dos bicheiros (um milhão e seiscentos mil cruzados), valor que era integralmente repassado a instituições de caridade, “para obras assistenciais”.

Na reportagem intitulada “O bicho contra-ataca”, sob o intertítulo “Contribuição”, o Diário do Pará, em sua edição de 5 de abril de 1988, registra: “Além disso, prosseguiu Couto: ‘O Jogo do Bicho emprega hoje cerca de 50 mil pessoas e sua proibição traria consequências desastrosas. Por isso, não acredito que o Governador do Estado, o secretário de Segurança Pública e os demais delegados estejam de acordo com a posição do delegado Clóvis Martins’”.

Risco de prisão

À reportagem deste site, Mário Couto disse que o delegado Clóvis o perseguia porque ele “batia forte” contra a demagogia em torno da contravenção (tipo penal de menor gravidade se comparado a crime ou infração).

“Eu bati nele forte. E aí ficou a guerra dele contra mim, porque eu era o cara que tinha cabeça, e dizia que o jogo era ilegal, mas que ninguém prendia ninguém. Ele ficou meu inimigo, tentava me prender de todo jeito. Eu olhava pela janela, lá de cima de meu apartamento, e ele estava me esperando. Eu dizia ‘agora não vou sair, não’, porque ele estava me esperando, ia me prender”, admitiu Mário Couto, sem explicar por que poderia ser preso.

Outro tradicional jornal paraense, O Liberal afirma, também na edição de 5 de abril de 1988, que o jogo do bicho funcionava por meio de “acordo com o governo do Estado”, e faz menção à reunião do dia anterior em que os bicheiros, que haviam sido informados pessoalmente, pelo delegado Clóvis, de que seriam presos, decidiram reagir com a pressão da CPI. 

A ação os agentes do Dops, capitaneados pelo delegado Clóvis, era “uma maneira de protestar contra o governo” por aumento de salário, como disse àquele periódico um dos bicheiros reunidos em assembleia, João Bosco Moysés, da banca do bicho “JB”.

“A reunião teve início às 17 horas e contou com a presença de João Bosco Moysés (JB), Miguel Pinho e José Alencar (Estrela do Norte), Mário Couto (A Favorita), Waldemar Soares (A Preferida), Francisco Euclides (Bonanza), José Natanael Macedo (Grupo de Ouro), Pedro Biriba (Marajó) e Doriberto (Águia da Sorte)”, acrescenta aquele jornal do Pará, mencionando os nomes e as respectivas bancas de aposta dos bicheiros.

“Miguel Pinho disse que os bicheiros têm organizado reuniões há uma semana, desde de que o delegado Clóvis Martins comunicou a intenção de reprimir o jogo. ‘Ele avisou a cada um dos bicheiros, anunciando para hoje (ontem) o estouro das fortalezas, onde se faz a apuração da renda’, disse Pinho.” 

Além de O Liberal e Diário do Pará, o jornal A Província também noticia o imbróglio envolvendo o delegado do Dops e a associação dos bicheiros”.

Leia mais aqui:

5 comentários:

Anônimo disse...

Pererecona danadinha, tu arrasaste novamente. Fui! KKKKKKK Dá-lhe maninha!

Fátima Duarte Gonçalves disse...

Dá-lhe Perereca. Continue assim.

Anônimo disse...

Ontém assistir a mas uma palhaçada desse senador na TV Senado, dizendo que se orgulhava de ser ficha limpa, e que não existia nenhum processo contra ele. Me dá nauseas ver este senhor falar em nome dos paraenses. Espero que ele nunca mais seja eleito a um cargo público pelos paraenses.

Anônimo disse...

O Pará é o paraíso dos "bicheiros", todos nós sabemos. O "papudinuho"declarava em "alto e bom som" que recebia dinheiro deles, e a justiça, não tomava providência. Se fosse aqui, o "Cachoeira", em vez de estar preso e respondendo por contravenção, estaria "flertanto" no meio da elite política e empresarial. Estamos bem representados no Senado, um bicheiro, o jarder.......

Anônimo disse...

E O Pulseira de Prata-Mor do Pará, o que está fazendo no Senado? Qual era a relação do jogo do bicho com o Barbalho na época que ele foi roubador, ops, governador do Pará?