terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Jatene escolhe técnicos com jogo de cintura para secretarias estratégicas.



Os primeiros nomes anunciados, hoje, para o secretariado de Simão Jatene demonstram uma escolha interessante: todos são bons técnicos, conhecem profundamente a área que comandarão, mas também possuem muito jogo de cintura – em outras palavras,  habilidade política.

É o caso de Zenaldo Coutinho, que deve ocupar a Casa Civil, cuja carreira política começou ainda como liderança estudantil (da direita “mais direitista”, é verdade... embora pareça ter evoluído um pouquinho...).

É o caso também de Nilson Pinto, que há trocentos anos lida não apenas com os números da Educação, mas também com os professores e estudantes, dois segmentos muito sensíveis, organizados e com grande capacidade de influenciar a opinião pública.

É o caso de Luiz Fernandes, escolhido para a Secretaria de Segurança – um bom técnico, mas com um olhar aguçado para as implicações políticas dessa ou daquela informação.

Mas de todas as escolhas de Jatene a melhor é, sem dúvida, a do médico Hélio Franco para a Secretaria de Saúde.

Filiado ao PPS, Hélio conseguiu a proeza, nos tempos de Almir Gabriel, de transformar até a complicadíssima Santa Casa num hospital humanizado, decente. 

É um técnico brilhante, uma pessoa de grande caráter e muito, muito respeitado. 

Por isso, transita com desenvoltura não apenas entre as poderosas categorias dos profissionais de Saúde, mas, também, em um amplo leque partidário.

Eles formam um time inegavelmente forte, até porque esse perfil que harmoniza tão perfeitamente o técnico e o político estará na linha de frente das secretarias mais problemáticas e de maior capilaridade e impacto social.

Abstraindo os meus desentendimentos com os tucanos (a gente tem de ser frio, né?) esses nomes podem indicar uma vontade de, finalmente, “acertar o passo”...

Mas também sinalizam que Jatene decidiu se preparar devidamente para as batalhas políticas que virão por aí.

Afinal, o PT e os demais partidos oposicionistas não estão “mortos” ou tão enfraquecidos como alguns gostam de “vender” ao distinto público: elegeram uma grande quantidade de deputados e mantêm o controle do Governo Federal e de várias prefeituras paraenses.

A própria situação na Assembléia Legislativa, exigia, aliás, pessoas com grande traquejo político para essas áreas.

Delas parte a maior quantidade de demandas dos parlamentares; nelas faz-se a partilha do pedaço mais importante do bolo, por todo o interior.

E na Assembléia, é bom lembrar, a situação pode se complicar bastante, caso falte habilidade para lidar com o PMDB, já que a oposição deve entrar em campo com pelos menos 11 deputados estaduais.

É uma boa mexida de pedra de Jatene. Agora, é esperar pelas jogadas da oposição.

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Preciso sair, porque estou toda enrolada. Depois, se der, volto a esse assunto. Mas o link do DOL com informações sobre os primeiros nomes escolhidos para o secretariado de Jatene está aqui.
FUUUUIIIIIIIII!!!!!!!!

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Atualização às 3:50:
 
Desculpem voltar só agora, mas é que estou cheia de problemas pessoais para resolver. Aliás, também estou a escrever deitada, porque o meu joelho tá que tá...

Penso que a escolha feita por Jatene também representa um alívio para a classe política

Afinal, todas essas secretarias tão importantes, espécie de espinha dorsal política do governo, até porque acabam representando a cara da administração; tais secretarias voltam a estar sob o comando de pessoas que possuem vivência do cotidiano político; que conhecem de perto as pressões da população e de seus grupos organizados pela melhoria dos serviços públicos; e que conhecem de perto, também, as pressões e as disputas dos militantes das várias agremiações partidárias por espaços de poder.

Zenaldo, Nilson, Hélio Franco – e não sei até que ponto também Luiz Fernandes – são pessoas acostumadas a negociar. Pessoas que aprenderam na prática, ao longo de anos e anos, a “sentir” o morador do Jurunas, as lideranças dos movimentos sociais, o vereador, o prefeito, o deputado, o senador.

E esse “feeling” que nenhum livro na face da terra é capaz de proporcionar, é importantíssimo para ajudar inclusive na gestão das crises que inevitavelmente acontecem nessas secretarias enormes, de ponta, e que, como não poderia deixar de ser, acabam se transformando em palco dos embates mais acirrados entre o governo e a oposição.

No fundo, a escolha desses técnicos com habilidade política é a antítese do que se viu no governo de Ana Júlia, no qual o poder concedido à DS acabou levando à ascensão de pessoas que, muitas vezes, só conheciam a política através de literatura.

Das escolhas feitas por Ana Júlia nessas áreas - Educação, Saúde, Segurança, Casa Civil – apenas Mário Cardoso e Charles Alcântara tinham esse perfil técnico-político. Os demais simplesmente mancavam. Ou iam mal de ambas as pernas.

E esse, certamente, foi um dos motivos que levou a que as várias crises ocorridas no Governo de Ana acabassem atingindo as proporções que atingiram.

Daí, talvez, essa “blindagem” feita por Jatene nessas áreas tão sensíveis. Até porque já se sabe que enfrentará uma oposição cerrada – bem mais complexa do que a enfrentada pelos tucanos anteriormente – além da escassez de recursos federais.

É possível, aliás, que seja a primeira vez, na história recente, que estamos a assistir a entrega a pessoas com esse perfil técnico-político de toda essa espinha dorsal da ponta do atendimento.

No fundo, o que se avizinha é uma grande batalha pela opinião pública e pelo reordenamento da base de apoio dos tucanos, tanto na Assembléia Legislativa, quanto nas prefeituras paraenses. Até porque, como se sabe, o projeto de poder dos tucanos não é para quatro ou oito anos – é para décadas.

É claro que haverá quem leia essa escolha apenas na superfície, a encará-la como mera distribuição de cotas – a cota do PPS, do grupo do Nilson e por aí vai.

Mas isso, certamente, empobrece a bela jogada de Jatene e não ajuda em nada à compreensão do jogo.

Já estão em campo excelentes zagueiros, embora ainda não se saiba quem será o “goleiro-elástico” da Comunicação...

E a oposição, além de se unir, terá de planejar muito bem os ataques para “desestabilizar” essa barreira – além, é claro, de montar toda uma estrutura que permita disseminar o discurso oposicionista entre a população e atrapalhar o mais possível o reordenamento da base governista.

Será uma bela partida, sim senhor.

FUUUUIIIIIII!!!!!!!

11 comentários:

Mestre Chico Barão disse...

Célia o bom jornalismo se faz assim, sem prejudicar gratuitamente a informação, parabéns e espero que você seja uma das muitas mãos que iram ajudar da maneira que puderem o governo cuja vitoria também construída com muitas mãos se transforme em um governo de um só coração, o coração do paraense.

Anônimo disse...

Perereca , as maiores incógnitas são:
Administração Direta
Secretario de Transportes, malha rodoviária estadual em péssimas condições ,principalmente dar solução definitiva para Alça Viária obra tucana, trazer de volta a parte hidroviária e pressionar o governo federal para execução do derrocamento do Pedral do Lourenção , sob a responsabilidade do DNIT , captar recursos para o Programa do Asfalto na Cidade, regularizar os aeroportos existentes etc.
Secretario de Obras, trazer de volta para a secretaria as obras que eram de sua competência e foram mal executadas e as que estavam em execução por outras secretarias, e ainda iniciar obras novas como os Hospitais Metropolitanos prometidos na campanha, um pepino e tanto.

Secretario de Cultura, começara do zero e será muito cobrado pelo partido do vice
Administração Indireta
Banpara deixar realmente o Banpara como um banco e não como meio banco que é hoje

Cohab , acabar com essa historia de fazer apenas 40% do que deveria em termos de habitação e ainda trazer da caixa recursos para isso.

Cosampa, resolver um problemão que ninguém nem comenta mas que eu não acredito que ninguém saiba , deixar a lamina de água nos reservatórios na altura que esta sendo lida na régua, pois hoje a leitura é falsa existe mais ou menos de 2 a 3 metros de lama no fundo dos lagos , só espero que queiram resolver levantando a régua.
Paratur resolver o maior desafio deste governo, desenvolver o turismo no Marajó , um grande abacaxi
Todos os ocupantes destes cargos deveram ser técnicos porem o mais importante é serem políticos , tomar decisões políticas ou haverá congestionamento na sala de espera do Zenaldo.

Anônimo disse...

Ana, se o Jatene não quiser ficar quatro anos refém do PMDB, terá que fazer uma boa mesa diretora na Assembleia. PMDB na presidência? Nem pensar!

Ana Célia Pinheiro disse...

Obrigada, Mestre Chico Barão.
Faço o possível para não misturar as coisas. E acho que tem de ser assim, até em respeito aos leitores.
Um abraço, Ana Célia

Ana Célia Pinheiro disse...

Há dois problemas aí, anônimo das 7:37: dinheiro e gente em quantidade suficiente com esse perfil técnico-político.

Talvez por isso Jatene tenha começado pelas áreas mais complicadas, e que podem ser, a depender do gestor, vidraça ou vitrine do governo.

Até porque nessas áreas não há assessor de imprensa, por melhor que seja, que resolva: o secretário é que tem de ser safo, no discurso e na capacidade de negociação.

Já no caso da Cohab e do Banpará, por exemplo, acho que até dá para privilegiar o aspecto técnico, desde que, é claro, o cara não seja um tapado do ponto de vista político.

Nessas áreas, uma boa assessoria de imprensa resolve, sim, anônimo, a maior parte da comunicação, até porque há menos crises, maior tempo de resposta e o cara vai basicamente seguir a orientação do governador, sem precisar de grande jogo de cintura ou criatividade - penso eu.

Até mesmo as questões que você coloca são muito mais problemas de gestão e de decisão política do governador do que desses embates que frequentemente ocorrem na Seduc e na Sespa, por exemplo.

Também acho que algumas áreas que você citou, como a Setran e a Seop, só podem se tornar pepinos se não ficarem nas mãos do PMDB ou de outro partido de peso na coalizão de Dilma Rousseff.

Porque o que precisará ser feito nessas áreas exigirá sobretudo captação de recursos federais.

E não vejo possibilidade de que algum tucano ou integrante de partido que não pertença à base nacional petista consiga tal proeza.

Abs,

Ana Célia

Ana Célia Pinheiro disse...

Eu já penso o contrário, anônimo das 10:48: acho que brigar, neste momento, com o PMDB, por causa da Presidência da AL é um desgaste absolutamente desnecessário.

Penso que o Jatene precisa é cativar o PMDB, para construir um mínimo de governabilidade.

Analisando friamente, se eu estivesse no lugar do Jatene daria, sem qualquer problema, a Presidência da AL ao PMDB e deixaria para modificar eventualmente essa situação só daqui a dois anos.

Abs,

Ana Célia

Anônimo disse...

Já não estou entendendo nada , duas secretarias (Setran e Seop) super vitrine pois dão a dinâmica ao governo e afagam até os não alinhados ficarem nas mãos do PMDB ? Talvez até isso aconteça dependendo do retorno político (apoio) porem seria uma ou outra, a mais provável é a Seop onde o PMDB tem experiência recente. Agora o PR não esta descartado, tem o ministério dos transportes ( ministro Alfredo Nascimento presidente do PR) uma fonte inesgotável de recursos federais e uma capacidade de mudar de lado mais rápido que a velocidade da luz

Anônimo disse...

Um furo: Jatene convidou o Anaice para assumir a Ceasa, o casseteiro aceitou e agradeceu dizendo: Pelo menos la eu não passo fome e ainda arranjo verdura para o meu sopão vai ficar faltando só o osso pois a massa ou eu cozinho o Macarrão ou boto a farinha do Pirão

MCB

Anônimo disse...

Em termos de "jogo de cintura" sou mais as mulatas do Sargentelli. Evoé !

Anônimo disse...

Ana, pela primeira vez vou discordar de vc. Com a grande bancada que a oposição fez e uma mesa diretora na mão do PMDB o Jatene vai virar refém da assembleia. Aí qualquer pedidinho que o PMDb não tiver atendido a administração vai ser engessada. Acho que o Anonimo das 10:48 tem toda razão.
Um abraço, Job Cruz

Anônimo disse...

O Repórter Diário de 19.12.2010 noticiou que Vilmos Grunvald assumirá a Cosanpa. Para quem não sabe, este foi o Diretor da Celpa que estruturou todo o processo de privatização da empresa de energia, no Governo Almir.
Como poderia então ser ele o escolhido, se Jatene prometeu em campanha que não privatizaria a Cosanpa?
Como ele poderia comandar o pacto que Jatene tanto fala no âmbito da Cosanpa quando o mesmo tem antigas, inúmeras e intransponíveis divergências com o Sindicato dos Urbanitários que representa a categoria.