domingo, 4 de abril de 2010

Eleições 2010: a mexida brilhante de Duciomar.





À primeira vista, pode parecer que o fim do prazo de desincompatibilização não ajudou a clarear o horizonte das próximas eleições majoritárias.


Mas, não é bem assim.


O fato de o prefeito de Belém, Duciomar Costa, permanecer no cargo e o licenciamento do vice-prefeito Anivaldo Vale trouxeram algumas certezas importantes.

A primeira é que Duciomar, montado no caixa da PMB e sem a preocupação de buscar um mandato para si próprio, será um dos grandes cabos eleitorais do próximo outubro.


A segunda é que qualquer acordo com Duciomar passará por uma relação de confiança, que, até onde se sabe, só o tucano Simão Jatene conseguiu com ele estabelecer, até por ter sido espécie de doutor Frankenstein do prefeito de Belém...


A terceira é que o destino do PR não está assim tão ligado ao do PTB, como juravam, até há pouco tempo, os republicanos.


A precavida licença de Anivaldo Vale – que alguns dizem ter pegado Duciomar de surpresa – deixa claro que o PR seguirá seu próprio caminho.


Quer dizer: nada impede que PR e PTB estejam do mesmo lado mais adiante. Mas, nada garante que seja assim.


Ou, por outras palavras: o blocão PTB/PR, que seria o sustentáculo da chamada “terceira via”, pode nem ter passado no primeiro teste.


A ser verdadeira a decisão unilateral do licenciamento de Anivaldo, isso demonstra que nem o cordial vice-prefeito de Belém confia em Duciomar, até mesmo para uma coisa tão simples: não ter de assumir a Prefeitura em plena campanha, o que o deixaria inelegível.


Mais: a decisão, da forma como dizem que foi tomada, novamente aponta a falta de sintonia do blocão.


Afinal, se o PTB estivesse disposto a apoiar de bate-pronto qualquer candidatura de Anivaldo (a senador, governador ou vice) por que, então, a necessidade de prevenir eventuais arapucas pelo caminho?

Se Anivaldo e Duciomar estão “brigados” ou “zangados” um com o outro, como se diz por aí, isso é de somenos importância.


Não que políticos sejam imunes a tais sentimentos.

Mas, o cotidiano desse grande cassino ensina os jogadores a deglutirem arus como quem saboreia um bom caviar – e mais ainda em se tratando de dois sujeitos pra lá de escolados como Anivaldo e Duciomar.

Bem mais importante é aquilo que se tem falado (e muito) no “casa-separa” do PMDB com o PT: a “relação de confiança”.

Em política, “zanga” é coisa que pode até ser fruto de simples TPE (Tensão Pré-Eleitoral) e dificilmente se sobrepõe aos interesses em comum.

Já a confiança ou falta dela tem conseqüências bem palpáveis.

Confiar significa contar com a espada do companheiro ao lado; que ela estará sempre ao seu favor e que, em nenhuma circunstância, se voltará contra você.

Daí que a falta de confiança gera paralisia. E até surpresas bem desagradáveis, em pleno campo de batalha...



 
II



Aparentemente, a decisão de Duciomar é ruim para Ana Júlia, e boa para Jader e Jatene.

E por quê?

Bem, em primeiro lugar, Duciomar ainda é jovem.

E, a não ser que esteja com alguma doença ou problema pessoal que o distinto público desconheça, não deve ter decidido, simplesmente, pendurar as chuteiras.


Daí que deve estar de olhos postos não apenas em 2012, mas, principalmente, em 2014 – e o que espera levar em tais pleitos não deve ser pouca coisa, para que se disponha a encarar o desafio de “boiar” sem mandato por dois longos anos.

Em 2012, Duciomar deve querer fazer o sucessor. Ou, em último caso, alguém que não realize uma perigosa devassa nas contas municipais.

Em 2014, seus planos podem incluir o Governo do Estado ou o Senado Federal – todavia, mais provavelmente esse último.

Embora haja duas vagas ao Senado em outubro próximo, tudo indica que os eleitos serão Jader Barbalho e Paulo Rocha – se Jader resolver, de fato, sair ao Senado e se ambos permanecerem em campos opostos, ainda que com um tratado de bastidores de “não-agressão”.

E quem se meter nesse meião, além de não ter cacife para enfrentar as máquinas estadual e federal e as Organizações Barbalho, ainda correrá o risco de apanhar mais que Judas em Sábado de Aleluia...


(Daí a ansiedade de muito jogadores em relação ao fator Almir Gabriel: ele é o único que teria condições reais de bagunçar esse jogo, seja torpedeando Jader de forma destemida, seja obrigando Jader a lançar mão do fator Chico Ferreira...)


Assim, é possível que o horizonte de 2014 pareça bem mais tranqüilo a Duciomar, montado no PTB, na PMB sob o comando de seu sucessor e com o apoio de um grande partido, como o PMDB ou o PSDB.


Em 2014, o leque de candidatos com chances de chegar ao Senado deve ser ainda mais restrito que agora – sem Almir, sem Jader, sem Paulo Rocha e até sem Simão Jatene.


De peso, restará apenas um nome para enfrentar Duciomar: a atual governadora Ana Júlia Carepa.

Mas, nem isso é garantido, já que Ana, uma soldada da DS e do PT, dependendo de quem for seu vice e de como ele se comportar, pode acabar tendo de cumprir seu segundo mandato até o final.


Ou pode até enfrentar Duciomar, em 2014, no rastro de uma acachapante derrota, em outubro próximo, que será seguida, certamente, de um paciente trabalho de desconstrução da imagem dela.


E essa segunda hipótese é, possivelmente, a mais verossímil nas cogitações de Duciomar, já que não deixa o jogo ao sabor dos interesses de Ana Júlia e do PT...


 III

 Jader Barbalho é, reconhecidamente, um grande cumpridor de acordos: entrega o acertado, sem tostão a menos ou a mais.

Daí que não seria difícil confiar nele, caso propusesse, tipo assim, a Duciomar: “você me apóia agora (certo?), e eu lhe apóio em 2012 e em 2014”.

Isso até poderia resolver (mais ou menos...) o problema de Jader “ter de ficar nas mãos de Duciomar” agora, já que Duciomar também dependeria de Jader para dois importantes jogos futuros.

Mas essa cartada só funcionaria se, em primeiro lugar, Jader fosse capaz de neutralizar Priante, para um eventual embate em 2012, lançando um simples Naziazeno na disputa pela mais importante prefeitura do estado.

E se - o que é bem mais importante - Jader fosse candidato, de fato, ao Governo do Estado e derrotasse Ana Júlia Carepa – porque aí Duciomar seria, em 2014, o senador da máquina do governador...

Não é preciso dizer que esse tipo de pacto com Duciomar, em torno de 2012 e de 2014, é quase impossível ao PT.

O PT, a nível nacional, até pode garantir a Duciomar um cargo que lhe dê visibilidade nos dois anos em que estiver sem mandato – ou até um cargo com os meios necessários para que vá trabalhando, entre 2012 e 2014, uma eventual candidatura ao Senado.

Mais que isso, no entanto, o partido não lhe poderá oferecer.

Isso porque o petismo sempre foi mais radical em Belém e permanece fora de controle, na Câmara Municipal, mesmo tendo em vista a necessidade de atrair o PTB para a campanha de reeleição da governadora Ana Júlia Carepa.

E mesmo quando se leva em conta o petismo no estado inteiro, com o predomínio das hábeis correntes do antigo Campo Majoritário, ainda assim fica difícil de acreditar que as independentes bases vermelhas concordarão em apoiar um candidato como Duciomar Costa ao Senado, em 2014.

Para os tucanos, no entanto, inexistem tais problemas.


No caso dos tucanos, aliás, não há nem mesmo que esperar pelo fim desse suspense em torno de uma eventual candidatura ao Governo.

Jatene é o candidato da “febre amarela” em outubro próximo.

E, se eleito, não terá a mínima dificuldade em apoiar o sucessor de Duciomar à PMB, e o próprio Duciomar ao Senado.

Não seria a primeira vez, aliás, que os tucanos se uniriam em torno da “criatura” de Jatene.

E o diálogo entre eles é tão bom que nem mesmo o fato de Rejane, irmã de Jatene, ter sido rifada na Secretaria Municipal de Saúde conseguiu abalar as relações entre a criatura e o criador.

Além disso, ninguém sabe exatamente o que rolou entre os jatenistas e Duciomar, nos bastidores da reeleição dele, em 2008...


É claro que seria mais interessante a Duciomar se pudesse contar, para 2012 e 2014, com o apoio da dobradinha Ja-Ja.

Afinal, se Jader e Jatene pudessem apoiá-lo nesses dois pleitos, e com a máquina do Governo do Estado sob o comando de um deles, os cenários, em ambas as eleições, se tornariam ainda mais propícios (para ele, é claro).

Mas desde já fica uma certeza: o candidato que Duciomar decidir apoiar – Jatene ou Jader - estará, quase que certamente, no segundo turno.

E mesmo que não se goste de Duciomar, não há como negar que a decisão dele de assumir a condição estratégica de grande cabo eleitoral foi, talvez, a jogada mais fria e calculada destas eleições.

Roubou o troféu a Jader, pode trazer de volta ao jogo o tucano Simão Jatene.

E, de quebra, ainda pode deixar a governadora Ana Júlia Carepa em situação muito, muito difícil, sem o apoio das ORM para se contrapor às Organizações Barbalho.

IV


Mas, é claro, ninguém joga sozinho.

E, nessa mesa, não há chapeuzinho vermelho maravilhado diante dos zoiões e do bocão de um lobo mau...

Daí que a jogada de Duciomar pode, de fato, ter sido brilhante – uma jogada que só é possível quando o jogador realmente acredita nas próprias cartadas, atuais e futuras.

Mas, será preciso acompanhar como jogarão, até junho, Jatene, Jader e Ana Júlia.

Os dois primeiros a tentar provar que são merecedores da noiva. Ou, quem sabe, até a sacramentar a dobradinha Já-Já – agora, sob a batuta do “maestro” Duciomar...

Quanto à Ana Júlia Carepa, a temporada terá de ser de cooptação: do PR, com a oferta de um bom naco do bolo aos republicanos, até com a possibilidade de elevarem a sua armada à mesma expressão do PMDB, nas próximas municipais; e, também, de cooptação de quadros do PTB, a tentar reduzir a armada de Duciomar à máquina da capital – por si só formidável, diga-se de passagem...

Não é difícil imaginar que Ana Júlia acabe por compreender o seguinte: o próximo outubro, por se tratar de um pleito que será decidido voto a voto, inclusive em nível federal, será “a eleição da traíragem”.

Quer dizer: a melhor aposta será nos acordos prefeito a prefeito, deputado a deputado – por cima ou por debaixo dos panos, tanto faz...

É claro que o PMDB fará uma falta danada, quem sabe até a custar a reeleição da governadora.

Mas há, também, outra leitura factível: é possível que essa seja a primeira vez, em várias décadas, em que existam condições reais, efetivas, de reduzir a influência do PMDB na política paraense, com outro partido, o PR, a ocupar-lhe boa parte dos espaços.

Da mesma forma, é possível que a Fortuna não sorria a Duciomar como ele espera.

Tudo dependerá, enfim, das mexidas no tabuleiro, nos próximos meses; da menor quantidade de erros que cada qual acumular.

Se a governadora tiver a habilidade de puxar o PR e de reduzir a picadinho o PTB, era uma vez o blocão...

E se continuar a investir em propaganda, a fomentar o crescimento nas pesquisas, poderá fazer titubear o valoroso exército do PMDB – esse sim, tão perigoso quanto o do PT num campo de batalha...


Mas é melhor eu não dizer mais nada.

Porque, se não, vão dizer que estou novamente querendo “peruar” o jogo em favor da minha xará...


FUUUIIIII!!!!!!



 P.S. Em respeito aos leitores deste blog, tenho de admitir que, se pudesse, realmente ajudaria a minha xará.

 Seria hipocrisia dizer o contrário e penso que nenhum de vocês que me lêem merece isso.

Daí que, para mim, o mais importante é manter a Perereca rigorosamente em cima do muro.

A apreciar o jogo e a trazer, no limite do possível, as informações e as análises que vocês buscam na blogosfera, justamente porque inexistem nos jornalões.

Não deixa de ser uma ironia: nunca acreditei em “imparcialidade”...

Mas também não nasci pra enganar ninguém; graças a Deus, nunca “aprendi” a enganar as pessoas...

Por isso, prometo lutar todos os dias comigo mesma para não permitir que a minha simpatia por Jatene (por ser tucana) e pela minha xará (por ser mulher, e mulher guerreira como eu) interfira no noticiário e nas análises da Perereca.

Até porque eu sei, eu sinto, este blog, de há muito, deixou de me pertencer...



PS2: Se algum dia me internarem num manicômio, por “distanciamento” e esquizofrenia, vocês serão os culpados, “visse”?



 PS3: Estou pensando nisso, também, porque preciso analisar o eventual desempenho da Valéria e não posso permitir que os meus sentimentos em relação ao pulha do Vic interfiram nisso. É mole?


Agora, FUUUUUIIIIIIIII!!!!!!

7 comentários:

Anônimo disse...

Neste jogo narrado por você, a cartada maior foi sua, quando colocou o Substantivo Masculino "PULHA" para aquele ninfeto.
valeu........rssrsrs

Anônimo disse...

A tucana safadinha de Linda. Excelente analise.

Anônimo disse...

Amiga Ana, descordo do título "Mexida brilhante de Duciomar" se ele ficou exatamente no lugar onde está.

O motivo foram outros. Politicamente Dudu precisa ouvir gente que sabe e bem intencionada.

Um abraço

Anônimo disse...

Ei PererecaAcho
Que vc não esta avaliando de maneira real a situação de na Júlia e Paulo Rocha no cenário das eleições de outubro.

Com relação a Ana Júlia, na pesquisa do PMDB/IBOPE ela não passa de 20 %, bem atras de Jader com 32% e Jetene com 31 %.
Pra complicar sua rejeição chega a 63%.

Já Paulo Rocha, se conseguir escapar de Joaquim barbosa que jura que ele não será candidato pois vai dar a sentença do mensalão em junho/2010 ele não esta bem nas pesquisas não.

PMDB/IBOPE - Senado.

Jader - 19 %
Valéria - 14 %
Flexa Ribeiro - 7 %
Paulo Rocha - 4 %

Então muita calma

Anônimo disse...

Que nada Frade. Esse DUDU é bandido, e como bandido seu unico objetivo é grana. Por isso ficou na PMB. Vejam quantas empresas ele tem na prestando serviços para a PMB. Todas em nome de laranjas. É um verdadeiro LARANJAL. o Cara está roubando mesmo. Cadê o MP, Polícia, RF?

Anônimo disse...

Orlando, meu caro, não é "descordo", mas sim discordo.

Ana, a sua previsão sobre a eleição para o senado pode estar totalmente fora da realidade, haja vista a boa performance de Pioneiro em recentes pesquisas, que muito provavelmente virá como candidato do PSDB. Ai amiga, não será tão liquidada assim a fatura para Jader e Paulo Rocha.

É ver para crer

Anônimo disse...

ei Ana Célia gostei da análise política que fizeste, mas no outro post continuas entrevistando fantasmas. Caramba, um texto com varias pessoas que não querem se identificar, é, no mínimo, sem nenhuma credibilidade. Ainda não sacaste que todo mundo já sacou isto?