segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Lindo!

Bola de Meia, Bola de Gude


Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que uma bruxa me assombra
O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão


(Milton Nascimento/Fernando Brant)

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

23 de agosto de 2006 Rep171

A República do 171


_Liberté, Egalité, Fraternité!!!!


(Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? Égua da sujeita enlouquecida. Agora, é o próprio Danton...)


_Cumadizinha, pare de gritar, pelo amor de Deus! São três da manhã, tá todo mundo dormindo. E você me chega aqui com esse barrete azul na cabeça, bêbada que nem o Vicente Celestino. E ainda por cima gritando um slogan de trezentos anos!... Tenha dó!...
_Ô comadre, deixe lá de ser besta! A Revolução tá nas ruas!
_ Mas que Revolução, ô alma penada?
_El Rey acaba de proclamar a República do Brejo News!
_Como é que é?
_A partir de agora, todos seremos camaradas!...
_Isso foram os sovietes...
_Companheiros!
_É o PT...
_Ora... Nós seremos...Nós seremos... O importante é que seremos, comadre!
_Pera lá!... Não sei se é o sono, mas não tá conjuminando. Como é que é isso de República proclamada por um rei?
_Pois não é, comadre? O Homem virou democrata. Até criou um partido: o ProCude!
_E o que é que isso quer dizer?
_É indizível, comadre, é indizível!...
_Ele entregou o trono, então?
_É claro que não, comadre! Mas isso é lá pergunta que se faça? Sua Majestade Reverendíssima permanece lá, bem assentada. E diz que só sai de lá mumificado!...
_Pera lá, caramba!...Mas que diabo de República é essa, então?
_Ô comadre, você parece até o Barão: quer conjuminância em tudo!...
_(É, eu é que devo ser a doida... É como a minha mãe dizia: te mete com doido!... Vais acabar na camisa-de-força e ele, na porta do hospício, rindo da tua cara...).
_Tá ruminando, comadre?
_Quem rumina é vaca, animal!
_Credo, comadre! De uns tempos pra cá você anda numa irritação só! Deus que me defenda! Vou pedir pra Sua Majestade Reverendíssima acabar com a TPM!
_Hem?!!!
_Pois não é, comadre! Se o Homem acabou com a desigualdade, pode acabar com a TPM, ué?
_Quer dizer que não tem mais desigualdade em Brejo News?
_É claro que não! Logo depois de proclamar a República, Sua Majestade Reverendíssima aboliu a desigualdade!...
_Ah, sei!... Ele acabou com a Corte, distribuiu as terras do Duzinho, socializou tudo que é meio de produção...
_É claro que não!
_Tá bom... Então, me explica aí: como é que ele acabou com a desigualdade?
_Com um decreto, ué!
_Com decreto?!!!
_Pois não é, comadre! Dizem que o Homem até se inspirou na Barbie Princesa, que distribuiu mosquiteiro pra acabar com a malária!...E deu certo, viu, comadre! Um resultado que você nem avalia: não sobrou malária no Condado de Anatejás!... Principalmente, depois que o Clean passou por lá: o “ômi” alimpa até doença, comadre!!!
_E esse negócio do decreto, como é que foi?
_Ah, comadre, nem lhe conto: foi anunciado, no palanque, pelo próprio Barão. E dessa vez, chamaram um carpinteiro profissional, viu? O Barão, com lágrimas nos olhos – o lorde Balloon é que produziu, né, comadre – disse, assim: “Cabocos, nós precisamos de vocês! Estamos aqui para realizar o sonho de um novo Brejo! Um Brejo com liberdade, igualdade e fraternidade! A partir deste decreto que estamos assinando hoje – e que é um decreto novo e extraordinário - todos os senhores se transformarão em comerciantes da própria força de trabalho! Porque, com este decreto, não estamos, apenas, extinguindo o proletariado. Mas elevando, cada um dos senhores, à condição de micro-empresários individuais!”. Não é lindo, comadre? Eu até agora estou com os olhos cheios de lágrimas! O “ômi” se superou, comadre!...
_É, e eu que pensei que já tinha visto de tudo...
_Mas tem mais, comadre?
_Quê?!!!
_Pois não é? O Barão tava inspirado: até pegou numa viola e atacou a Marselhesa!...
_Deus tenha piedade!...
_E o lorde Balloon colocou num telão, por trás do Barão, montes e montes de floresta, comadre - tuuudo verdejante! E eu que nem sabia que ainda havia tanto verde no Brejo!...Aí o Barão se pôs a explicar que Sua Majestade Reverendíssima, preocupado com o bem-estar dos novos empresários, resolveu criar, também, um novo e extraordinário programa de cestas básicas!
_Hem?!!!
_Pois não é, comadre? O preço da força de trabalho tá um horror! Assim, quem não puder se sustentar com a venda da sua forcinha, vai ter uma cestinha, pra não morrer de fominha...
_Onde foi que eu já vi isso antes?...
_Mas tem mais, comadre!
_Mais?!!!
_E não é? O Barão também explicou que os novos empresários têm necessidades demais, comadre! Querem comer todos os dias, avalie?!!! Daí que o decreto também instituiu o Ascetismo Compulsório! Disse o Barão: “Este decreto - novo e extraordinário - meus senhores, foi feito com a mão do coração! Mas, infelizmente, recebemos uma pesada herança do passado! Todos os senhores são testemunhas de que pegamos um Brejo falido. E, mesmo passados cinco milênios, ainda não conseguimos nos recompor! Por isso, os eminentes súditos deste Reino-Republicano não podem arcar, assim, com o ônus da igualdade – sob pena de acabarem, também, ‘sans-cullotes’!... Por isso, decidimos decretar uma nova e extraordinária construção coletiva: o Ascetismo Compulsório! Com ele, todos os senhores, que antes passavam fome, receberão rações cada vez mais diminutas, até que o estômago se enfastie com uma folha de alface! Será um novo e extraordinário SPA coletivo! Todos ficarão esbeltos, como a Barbie Princesa!”.
_É, só faltaram as duas túnicas e o par de sandálias...
_Mas vai ter, comadre! Vai ter até Iluminação Anímica, ué!
_Quê?
_ Pois não é, comadre? Veja só que beleza de decreto: até a iluminação da alma tornou-se compulsória!
_E desde quando isso é possível, animal?
_Mas o ‘ômi’ disse, comadre! Eu até anotei! Palavras textuais do Barão: “Também estamos proporcionando aos senhores – vejam só que coisa nova e extraordinária – o acesso compulsório à iluminação da alma. Meu dileto Duzinho e o Príncipe Clean vão limpar até os pecados dos senhores! Com isso, reduziremos, sensivelmente, a cadeia produtiva da reencarnação. E, por conseguinte, o excesso das almas viventes” .
_É, como direi, a perfeita fórmula de erradicação da pobreza...
_O problema, comadre, é só essa oposição!... Ô gentalha, comadre, ò gentalha!
_ Por que já?
_Pois não é? Logo que souberam do decreto, saíram espalhando que o Homem havia criado a República do 171! E o Homem, ali, de cara limpa, comadre, nem tremia! Mas a gentalha insistindo que é tudo enganação. E falavam do Clean, do Duzinho e até daquela empresa do lorde El Dorado. Falaram em mar de lama, comadre! Como se no Brejo tivesse lama!...
_ Ah, e não tem?
_Mas como, comadre? Com o Clean e o Duzinho, como é que pode ter?!!!
_Quer dizer que tão chamando de República do 171?
_Pra você ver, comadre, até onde vai a maldade humana!...
_Desigualdade que se acaba por decreto, ascetismo compulsório, iluminação anímica... E tudo isso, em meio à ‘limpeza’ do Clean e do Duzinho... É... sinto informar, querida correspondente, mas vou vender o blog...
_Hem?!!!
_É claro, queridinha!...Vou montar uma fábrica pra concorrer com El Rey, com o Barão, o Príncipe e o Duzinho: vou fundar a Perobal S/A!

domingo, 20 de agosto de 2006

20 de agosto de 2006


O Reinado do 171



A Perereca vai começar a colecionar os e-mails nojentos e covardes, que lhe estão sendo enviados, com intensidade ímpar, nos últimos dias.

Não é por nada, não. Uns amigos me sugeriram que lançasse um livro de crônicas sobre o Barão.

Daí que tais e-mails têm de, necessariamente, integrar essa obra.

Para que as pessoas saibam da politiquinha que predominou no tempo desses canalhas arrogantes, metidos a patrulhar a Deus e ao mundo.

É imundície genética. É coisa de gentalha que nem sabe que existe – até porque protozoário não pensa.

E o que eu acho mais lamentável é que esses crápulas não têm coragem, sequer, de se identificar.

A denúncias fundamentadas, embasadas em centenas de documentos, respondem com ofensas de toda ordem.


Imaginam, por certo, que todos habitam a lama em que se multiplicam. Até porque abjeções como essas só conhecem a putridão.

Como já disse, antes, eu assino este blog. Assumo cada linha do que escrevo. E esfrego na cara dos quadrilheiros as provas do crime.

Por isso, fico revoltada com essas coisas-ruins, que se imaginam gente, a apelar ao anonimato, para ofender quem se recusa a viver de michê – que nem fazem essas “donzelinhas” do Bataclan.

Metem a mão, descaradamente, em dinheiro público. Enriquecem as famílias. Realizam toda sorte de tenebrosas transações – e, mesmo assim, seguem a apontar o dedão acusador.

Imaginam-se, talvez, detentoras de “direito divino” à rapinagem. Mas não passam de uma praga de gafanhotos que se apossou do que é público. Parasitas, enfim.

Tudo lhes é abençoado – mesmo a ladroagem explícita. Comportam-se, por assim dizer, como uma ilha de Santidade. Mas são, em verdade, apenas um covil. Verdadeiros sepulcros caiados: belos por fora, mas repletos de toda imundície.

E são coisas tão pequenas e acanalhadas que, mesmo com todo o poder de que dispõem, ainda se escondem no anonimato, para tentar intimidar as pessoas.

Não passam de uma choldra, um bando, uma súcia - nada além disso - a intentar o Reinado do 171.

sábado, 19 de agosto de 2006

Uma Noite de Ópera

Habanera



L'amour est un oiseau rebelle
que nul ne peut apprivoiser
et c'est bien en vain qu'on l'appelle
s'il lui convient de refuser.

Rien n'y fait; menace ou prière,
l'un parle bien, l'autre se tait
et c'est l'autre que je préfère,
il n'a rien dit, mais il me plaît.

L'amour est enfant de Bohême,
il n'a jamais, jamais connu de loi;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
si je t'aime, prends garde à toi...

L'oiseau que tu croyais surprendre
battit de l'aile et s'envola...
L'amour est loin, tu peux l'attendre
tu ne l'attends plus...il est là...

Tout autour de toi, vite, vite,
il vient, s'en va, puis il revient...

Tu crois le tenir, il t'évite;
tu crois l'éviter, il te tient.

L'amour est enfant de Bohême,
il n'a jamais connu de loi;
si tu ne m'aimes pas, je t'aime;
si je t'aime, prends garde à toi!...

(Bizet)

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

18 de agosto de 2006

Fragmentos Biográficos III


O papel em branco, a vida a passar.
Ao longe, entre espumas, um luar.
E a noite, a adentrar o peito,
Refaz o universo em perfeito:
Da tempestade nasce o vento,
Que nos eleva a mais adiante!
Quem nunca amou um carrossel?
E se desfez em pedaços,
que se ajuntam aqui e ali?
O fio do desespero,
a desenhar, febril, a significância,
Quem nunca se fez não o que era
Mas o que imaginou?
Quem nunca buscou um além
Não de morte, mas de vida?
Quem nunca se perdeu em sonhos inconfessáveis
Mais ardentes que qualquer amante?
Quem nunca se fez um outro - o outro!
Na esperança de encontrar-se, enfim?
Quem nunca rastejou, diante do que lhe pareceu sublime?
Quem nunca errou e errou e errou – e escondeu?
A acreditar na miragem havida,
Quem nunca entregou, sorrindo, o coração?
E sou eu a louca, aquela que não queda silente?
A que grita e se debate entre-muros?
A que enxerga o mistério do que não é, mas que poderia?
A única que se atrai pelo sonho irrespondível?
A única que vê, entre espumas, um luar?
A única que bebe e se perde em si mesma?
A única a cismar no que parece, para encontrar o que é - infinitamente?...

A louca a expor as vísceras, aos censores públicos...
A louca a quem os choques já nem afetam, por todos os choques que levou da vida...
Devo ser, assim, uma espécie de incriada: Deus pensou e pensou - mas esqueceu!...
E eu penso nos sonhos que se foram e que pensei: levaste!
E perdôo a Deus como perdôo a mim!
E novamente é a música que me leva para além de tudo.
A música que é enquanto é, mas que nunca se esvai.
Tão necessariamente bela, que é necessário que seja!
Por todas as flores e mares e pedras que move ao redor do mundo!
E o oculto, como que se me revela:
Quem nunca amou e sonhou e esqueceu?
E o luar em luar se me torna!...
Belo, mas tão impossível e irreal
Que em minhas mãos se desfaz a espuma
E tu aos céus retornas, ó luar!

Belém, 18/08/2006.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

15 de Agosto - Vou Festejar!


Às “meninas” do Bataclan

(Quando vocês começaram a procurar calçada, pra rodar bolsinha, eu já era a dona do bordel!)


Dada a extrema sensibilidade de seus leitores, a Perereca deixa de publicar dois e-mails, recebidos há pouco. Um chororô tão copioso, que já gastei trezentas caixas de Kleenex...

Chamaram-me até de ingrata - as saaaannntas!!!! Logo eu, que, em cadeira de rodas, tive de me associar ao fabricante do Reparil...

Tão certo quanto a morte, é que a estrada é cheinha de curvas...

Em resposta ao “anônimo”, portanto, nada melhor que aquele sambão.

Para ouvir com a Beth Carvalho, tomando uma bem gelada. E, é claro, lembrando, bem devagarinho, tudo o que já lhe fizeram...


Vou Festejar

Chora, não vou ligar
(Não vou ligar)
Chegou a hora
Vais me pagar
Pode chorar, pode chorar

É, o teu castigo
Brigou comigo
Sem ter porque
Eu vou festejar, vou festejar
O teu sofrer, o teu penar

Você pagou com traição
A quem sempre lhe deu a mão
Você pagou com traição
A quem sempre lhe deu a mão

(Neoci / Dida / Jorge Aragão)

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

14 de agosto de 2006

O Midas da Moralidade:
O Escândalo da Prev Saúde




A Perereca transcreve, abaixo, matéria publicada, na edição deste domingo, 13 de agosto, pelo jornal Diário do Pará.

Creio que esse caso escabroso vai ao encontro do que escrevi no post do último 06 de agosto, sob o título “O Midas da Moralidade”.


Agradeço a participação dos anônimos que comentaram o artigo. E digo ao Barreto: é maninho, pode ter certeza que ainda vem muita coisa por aí...

Depois de 12 anos de poder tucano e com amordaçamento da imprensa e das instituições, os "deslizes" serão cada vez mais grosseiros e freqüentes: é a certeza da impunidade.



Governo beneficia Prev Saúde



EM FAMÍLIA Empresa de mulher e filho de secretário de Saúde fatura alto em contratos sem licitação


A Prev Saúde - Núcleo de Prevenção da Saúde não tem motivos para se queixar da sorte. Em menos de cinco anos, entre outubro de 2001 e fevereiro deste ano, a empresa obteve contratos do Governo do Estado - muitos deles sem licitação - que totalizaram mais de R$ 6,181 milhões.

E, ao longo deste ano e até fevereiro de 2007, a previsão contratual é que receba outros R$ 1,677 milhões.

Mais que as cifras milionárias, porém, chama a atenção um fato estarrecedor: a Prev Saúde pertence à mulher e ao filho do secretário executivo de Saúde do Governo do Estado (gestão Simão Jatene), Fernando Dourado, conforme se pode constatar pela constituição societária da empresa, obtida pelo DIÁRIO, na Junta Comercial do Pará (Jucepa).

Mas, não é só. Muitos dos contratos da Prev Saúde foram firmados com o Ipasep, na época em que a diretora administrativa do órgão era Ana Conceição Cardoso Bezerra - irmã da mulher de Dourado, Ana Maria.

Os demais contratos foram obtidos junto ao Hospital de Clínicas Gaspar Viana, cuja presidente, Rosemary Góes, é mulher do presidente da Paratur, o tucano Adenauer Góes.

A conta de publicidade da Paratur - assim como a da Prev Saúde - pertence a Griffo Comunicação.

A Griffo é comandada pelo publicitário Orly Bezerra, que, além de ser o marqueteiro do PSDB, é ex-marido de Ana Conceição - ou seja, ex-concunhado de Fernando Dourado.

Há mais, porém. Em agosto de 2002, dias depois de assumir a Sespa, Fernando Dourado convidou a cunhada, Ana Conceição, para assumir a Diretoria Administrativa e Financeira daquela Secretaria.

Tanto a Sespa quanto o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna estão subordinados, na estrutura do Governo do Estado, à Secretaria Especial de Proteção (Seeps), que, até há pouco tempo, era dirigida pela vice-governadora (candidata à reeleição na chapa de Almir Gabriel), Valéria Pires Franco.

E tanto a Prev Saúde, quanto Fernando Dourado e sua mulher, Ana Maria, e a cunhada, Ana Conceição, doaram dinheiro, em 2002, para a campanha do deputado Vic Pires Franco, marido de Valéria, conforme atesta a prestação de contas publicada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Fernando e seu filho, Carlos José, que aparece na constituição societária da Prev Saúde são, aliás, ambos filiados ao PFL, o mesmo partido de Vic e Valéria.


Histórico desde 2001


Os primeiros contratos da Prev Saúde com o Ipasep datam de 2001. O de número 068/2001, começou em maio daquele ano (Diário Oficial do Estado - DOE - de 18 de maio de 2001) e foi sendo prorrogado até maio de 2005 (DOE 12/05/2004).

O valor estimado: R$ 360 mil por ano, para internamento domiciliar, com serviços de assistência multiprofissional, aos beneficiários do Ipasep. A modalidade contratual seria o “credenciamento 001/2000”.

Ou seja, a empresa credenciou-se para oferecer seus serviços. Mas, ao que tudo indica, não houve licitação. Valor estimado do contrato e aditamentos: R$ 1.440 milhões.

Outro contrato da Prev Saúde com o Ipasep, o de número 113/2000 (DOE 14/11/2000) foi firmado, também, com base no credenciamento 001/2000.

Valor inicial estimado para 12 meses: R$ 20 mil, para serviços ambulatoriais e exames complementares aos beneficiários do Ipasep.

Mas, em aditamento publicado no DOE de 09/11/2001, o valor contratual foi reajustado para R$ 45 mil - um incremento de mais de 100 por cento, em um ano.

E foi sendo prorrogado até 03 de janeiro de 2003, quando o DOE publicou a rescisão.

Um terceiro contrato, de número 026/2002 (DOE 20/05/2002), com base no mesmo credenciamento 001/2000, no valor de R$ 20 mil por ano, também se destinava a “serviços auxiliares de diagnose”.

Ele também sofreu um reajuste de 100%: foi para R$ 40 mil, em aditivo publicado no DOE de 13/05/2004, tendo se prolongado até maio do ano passado.

Neste ano eleitoral de 2006, porém, os contratos da Prev Saúde com o Ipasep são bem mais modestos.

No DOE de 11/05/2006, consta o aditivo ao contrato 058/2005, no valor de R$ 40 mil anuais e vigência até maio do ano que vem, para “serviços auxiliares de diagnose”.

Já para o internamento domiciliar e assistência multiprofissional - que era de R$ 360 mil - o contrato 068/2005 (DOE 17/05/2006) prevê, apenas, R$ 50 mil por ano.


SORTE?


Mas a Prev Saúde não pode se queixar: em 2003, ganhou a concorrência 001/2003, para serviços de limpeza do Hospital de Clínicas Gaspar Viana.

O contrato, 021/2004 (DOE 27/02/2004, com retificação em 02/03/2004) tinha, na época, o valor de R$ 1.138.200,96.

Mas, no ano passado (DOE 28/02/2005) foi reajustado para R$ 1.308.059,64.

E, neste ano (DOE 24/02/2006) atingiu R$ 1.497.466,08, com vigência até fevereiro de 2007.


Detalhe: conforme os extratos contratuais publicados nos diários oficiais do Estado de 31/10/2001, 29/04/2002 e 25/10/2002, o Hospital de Clínicas contratou, sucessivamente, a Prev Saúde, sem licitação, para idêntico serviço ao que executa hoje.

Mas, na época, os valores contratuais, para um período de seis meses atingiam, no máximo, R$ 373 mil - quer dizer, cerca de R$ 750 mil por ano.

O preço só começou a crescer em 2003 - ano da concorrência - quando esses serviços foram reajustados, sucessivamente, para R$ 77.439,48 e R$ 91.753,35 por mês - ou seja, respectivamente, R$ 464.636,88 e R$ 550.520,10, a cada período de seis meses (diários oficiais de 29/04/2003, 27/08/2003 e 06/10/2003).


Muita “saúde financeira”


O vigoroso aporte financeiro proporcionado pelos contratos do Ipasep e do Hospital de Clínicas Gaspar Viana fez muito bem a Prev Saúde.

Aberta em 18 de janeiro de 1990, a empresa funcionou, até 2001 - conforme o site do INSS - na sala 402, do edifício Clube de Engenharia, na avenida Nazaré, 272.

Mas, talvez por tão discreta, ninguém se lembra dela por lá.

“Que eu saiba, o que funcionou aí foi o consultório de uma ginecologista, mas há uns oito anos” - diz a funcionária de um escritório de advocacia, vizinho da sala 402.

“Eu estou aqui há 24 anos e que eu saiba essa empresa nunca funcionou aqui” - diz o ascensorista, de nome Edílson.

O porteiro, também há mais de duas décadas no edifício, confirma: “Na 402 ficava um consultório, mas, há muito tempo, eu já nem me lembro. Depois, veio uma mineração e, agora, uma empresa de navegação”.

Entre dezembro de 2001 e janeiro de 2003, ainda segundo o site do INSS, o endereço da Prev Saúde passou a ser a travessa S. Pedro, 566, apartamento 14.

Mas, no edifício Carajás (o número 566 da S. Pedro) não existe apartamento 14.

“A Prev Saúde ficava na sala 1005” - corrige um porteiro. “Mas, há quatro ou cinco anos que ela se mudou”.

Segundo ele, no escritório havia, apenas, quatro ou cinco funcionários.

E quem comandava a empresa era “esse doutor que até é ministro da Saúde”.

A reportagem pergunta se o nome do doutor era Fernando Dourado. O porteiro confirma: “era, sim”.

Em 2003, o Hospital de Clínicas Gaspar Viana abriu licitação milionária para a contratação de serviços de limpeza, 24 horas por dia.

E foi também naquele ano, em janeiro, ainda conforme o site do INSS, que a Prev Saúde passou a ocupar seu mais recente endereço: a D. Romualdo de Seixas, 1954, entre Governador J. Malcher e João Balbi.

Infinitamente maior e mais chamativo que os anteriores.

E com tão boa saúde financeira, que, conforme a Jucepa, já abriu duas filiais: a primeira, em março do ano passado, na Roberto Camelier, 1151; a segunda, em maio deste ano, na rodovia BR-316, Km 02.

No site www.prevsaudenet.com.br, aliás, é possível constatar a sua versatilidade.

A empresa faz de tudo um pouco, desde limpeza e higienização a exames e home care - internação e atendimento médico domiciliar.

E, é claro, atende os segurados do PAS - o plano de saúde dos servidores públicos do Governo do Estado.

sábado, 12 de agosto de 2006

12 de agosto de 2006

A defenestração do Barão



_Comadre, the game is over!

(Ó, céus! Que mal eu fiz a Deus? Por que é que eu tenho de aturar a doida dessa correspondente sempre às 3 da manhã? Deve me achar com cara de plantonista do PSM. Só pode...)

_Diz lá, animal!...
_Você tava dormindo é, comadre?
_ Não...Tava me arrumando pra me atirar do Manoel Pinto da Silva...
_Tá querendo se ‘matá’, comadre?!!!
_Não... Tô querendo testar a Lei da Gravidade...
_Hum, hum...
_Fala logo, mulher!
_Agora, me arreliei!...
_(Eu mereço, eu mereço...) Vamos lá...O que é que você quer, digníssima, excelsa e incomparável correspondente?
_Como diria o lorde Tirésias, eu ‘subi’ duma quentíssima. Diz que El Rey defenestrou o Barão. Pediu de volta a administração do Brejo, baniu o pobre e ainda vai tomar as terras do Duzinho.
_Égua! Mas o que foi que o Barão fez?
_Nadica. Só queria rezar, ué!
_Rezar? Como assim?
_ O ‘ômi’ rezava pra acabar o expediente, rezava pra ir pescar, rezava pra ir tocar violão. Aí, El Rey se aborreceu e passou-lhe a maior descompostura.
_Tadinho do Barão!...
_Huuuummmm! Tá ‘cum’ peninha do ‘ômi’, é?
_Hã, hã...cof, cof, cof...Mas sim, desembuche logo essa história!

A pérfida, serpentária e maligna correspondente tricota, enlouquecida, que tudo começou semanas antes da queda do Barão, no Condado de Paraperebas.


El Rey andava furioso com a crescente disputa entre Duzinho e o Príncipe Clean. Até porque Duzinho, liso que nem quiabo, vinha limpando, literalmente, os domínios de Clean.

_E o que é que eles estavam disputando?
_Pois não eram aqueles troços de limpeza? Os dois andavam pra se estapear, comadre! Até a rainha-mãe teve de entrar no circuito! O Duzinho e o Príncipe adoooooram uma limpeza, né, comadre? Não podem ver papel que vão logo metendo a mão!... “Arretiram” daqui, “arretiram” de acolá...Deve ser pra ver quem lava mais branco!...
_Mas não havia, também, um negócio de merenda?
_Pois não é? Nem lhe conto, comadre!...Os dois deixam vigilante do peso de cabelo em pé! Tão parrudos de tanto merendar, comadre! É pão, é mingau, é fruta: comem de tudo que é lado! Deve ser solitária; só pode...

_Mas não haviam repartido os condados?
_E o Duzinho liga lá pra isso?!!!
_Mas o Príncipe, convenhamos, também é espaçoso à beça...
_Mas o Príncipe tem pedigree, comadre!
_Ah, então, virou questão de pedigree?...
_Pois não é, comadre? Ponha o Tico e o Teco pra conjuminar: a ladroagem tem de ficar só em cima! Se não, vira socialismo, ué!...
_Ah, conjuminei! É tudo questão de “ordenamento peculatário”...
_Finalmente lhe caiu a ficha, né, comadre? Agora deixe eu lhe contar o resto!


E a fuxiqueira correspondente desata, novamente, a tricotar. O problema, diz ela, é que entre uma e outra pescaria o Barão nada de eliminar “as pragas do jardim”.

_ Mas que diabo de pragas são essas, já? O Barão é lá jardineiro, agora?
_Ó comadre, tô fazendo uma analogia, ué!
_(Ai, meu Jesus eterno!... Por que eu?)
_Pra você ver se entende: eu e a lady Atenágoras desenvolvemos uma teoria. Conjuminamos pra lá, conjuminamos pra cá...E chegamos à conclusão que o problema da Corte são as “pragas do jardim”. Ou seja, a fauna acompanhante de Sua Majestade Reverendíssima!...
_Sei...O jardim já até sumiu debaixo de erva daninha; a fauna faz o Marcola parecer menino pinguço, mas El Rey nem imagina, né?...
_É claro que não, comadre! O Homem é até um espírito de luz! Não persegue ninguém, adora uma crítica, vê sempre o lado bom das pessoas e nunca se irrita – parece até propaganda ambulante do Lexotan! É o próprio São Francisco de Assis: tudo que é pombo quer assentar no ombro dele!
_Quer dizer, então, que ele não sabe nada do Clean?
_Nadica!
_Nem do Duzinho?
_Menos ainda!
_É... deve ter andado em tour, com o INRI, pelo espaço sideral...
_Pois não é, comadre? E eu lhe digo mais: a culpa é do lorde Balloon.
_ Ué, por que já?
_Pois o lorde não fica toda hora com aquelas superproduções? É tudo grande, lindo, novo, bom. Aí, Sua Majestade Reverendíssima acredita, né?
_Sei...O Balloon é outro, então, que está com o pé no patíbulo...
_Pois não é, comadre? Diz que já tá no freezer de Sua Majestade!...
_É, “cumadizinha”, você me deu uma grande idéia, agora...
_Hem?
_Vou empresariar você e a lady Atenágoras. Vou pegar essa teoria de vocês e vender lá em Brasília. Com esse negócio dos sanguessugas, vai faltar copywriter...

12 de agosto de 2006

Só Chamei Porque Te Amo!



Não é Natal
Nem Ano Bom
Nenhum sinal no céu
Nenhum Armagedom
Nenhuma data especial
Nenhum ET brincando aqui no meu quintal

Nada de mais, nada de mal
Ninguém comigo além da solidão
Nem mesmo um verso original
Pra te dizer e começar uma canção

Só chamei porque te amo
Só chamei porque é grande a paixão
Só chamei porque te amo
Lá bem fundo, fundo do meu coração

Nem carnaval
Nem São João
Nenhum balão no céu
Nem luar do sertão
Nenhuma foto no jornal
Nenhuma nota na coluna social

Nenhuma múmia se mexeu
Nenhum milagre da ciência aconteceu
Nenhum motivo, nem razão
Quando a saudade vem não tem explicação

(I just called to say I love you
I just called to say how much I care
I just called to say I love you
And I mean it from the bottom of my heart )

Só chamei porque te amo
Só chamei porque é grande a paixão
Só chamei porque te amo
Lá bem fundo, fundo do meu coração!


(Stevie Wonder-Versão Gilberto Gil)

domingo, 6 de agosto de 2006

06 de agosto de 2006


O Midas da Moralidade



O PSDB paraense parece acreditar que é uma espécie de Midas da Moralidade: tudo o que toca se transforma em profundamente ético, mesmo que, em mãos alheias, não passasse de deslavada rapinagem do erário.

Tudo é lícito a esse guardião da moral e dos bons costumes. Vejam-se, por exemplo, os contratos do sobrinho de Jatene, o empresário Eduardo Salles, com o Governo do Estado.

Se cometidos por outrem, seriam crime, corrupção. Mas, nas mãos do PSDB, adquirem a leveza da “extravagância” de um gafanhoto menor.

Da mesma forma, o nepotismo, em escala espantosa.

Em outrem, certamente, seria apontado como associação criminosa, verdadeiro “condomínio de contra-cheques”, como definiu um advogado, para o enriquecimento familiar.

Mas, quando praticado pelos tucanos, torna-se, quando muito, um “deslize” moral, facilmente sanável pelo nepotismo cruzado, bem mais discreto ao olhar público.

Na mesma linha de raciocínio, o uso patrimonialista do Estado, à exaustão – diriam as meninas-moças paraenses – configuraria prova insofismável da falta de compromisso com o bem-comum; da apropriação indevida da coisa pública “por um punhado de famílias”, contra os interesses do povo do Pará.

Até porque, os mandatários tucanos são, como todos sabemos, desprendidos servidores públicos. Seus luminares nada amealham, senão pela causa de um “Novo Pará”...

O PSDB paraense virou, assim, a reencarnação de Pompéia, que, apesar dos muitos Clódios a circular, livremente, por seus aposentos, ainda é capaz das mais enternecedoras juras de honestidade...

A dimensão do rombo


Qual o tamanho do rombo causado aos cofres públicos, pela sucessão de escândalos, amplamente divulgada pela imprensa, como o caso Cerpasa, no qual desapareceram R$ 47 milhões em dívidas fiscais?

Ou, ainda, pelo superfaturamento da Estação das Docas, também denunciado pela imprensa e sob investigação da Justiça Federal?

Ou, pelos contratos irregulares, porque driblando a Lei das Licitações, a beneficiar empresas suspeitas, como é o caso da KM Empreendimentos, enrolada no escândalo dos Sanguessugas, além de empreendimentos pertencentes a familiares da Majestade?

E tudo, nunca é demais lembrar, com dinheiro de estradas, de escolas, de hospitais.

No entanto, apesar de vivermos, presumivelmente, num Estado democrático de direitos, os cidadãos paraenses jamais conseguiremos dimensionar esse estrago.

Porque o Midas da Moralidade é, também, um senhor implacável, a cercear a crítica, a perseguir adversários até a quarta geração – além, é claro, de salgar o terreno em que eventualmente proliferem - e a matar, no nascedouro, qualquer possibilidade de investigação.

Há casos exemplares dessa arrogância messiânica do tucanato paraense; dessa postura “coronelística” e nociva ao livre funcionamento das instituições, que corporificam as bases da sociedade democrática.

Na Assembléia Legislativa, em 12 anos, as oposições não conseguiram aprovar ou fazer funcionar uma única CPI – essa enorme lupa que nós, cidadãos, consagramos nas leis, justamente para evitar o mau uso do nosso suado dinheirinho.

E agora, após a aprovação da Emenda da Mordaça, que elevou, de 9 para 13, as assinaturas necessárias às CPI’s, as oposições nada poderão fazer, além de esbravejar na tribuna.

E sem esperança de que isso repercuta amplamente, uma vez que as vultosas verbas da propaganda oficial semeiam a complacência da maioria dos veículos de comunicação.

Veja-se, também, o exemplo do Ministério Público Estadual. Lá, disseram-me vários promotores, mata-se, pelo cansaço, quaisquer tentativas de investigação: simplesmente, inexiste estrutura, especialmente nas secções capitaneadas pelos integrantes mais combativos, que tentam, afinal, apenas realizar o trabalho para que são pagos.

E depois do caso Acenildo Botelho – ameaçado de expulsão das fileiras do MPE – o medo e o desânimo instalaram-se de vez naquela que, pela própria Constituição, deveria ser a cidadela inexpugnável da sociedade, na defesa da Lei e dos interesses coletivos.

Uma tragédia grega


Que é dos cidadãos sem a possibilidade de recurso ao Parlamento, ao Ministério Público, à Imprensa e ao Judiciário? Que é de uma sociedade na qual o Executivo incorpora, livremente, atributos da Divindade, qual a Onipotência?

A situação do cidadão paraense, após 12 anos de tucanato, assemelha-se, pois, à retratada na célebre tragédia de Sófocles: está sozinho, na defesa de suas convicções, das crenças que lhe são mais caras, contra o trator do Poder absoluto.

Talvez, aliás, mais que a tragédia grega, seja a fábula, de Esopo ou de La Fontaine, não estou lembrada (já bebi muito), a retratar tal situação: não importam quais sejam os argumentos; a irrefutável lógica apresentada. Ao fim e ao cabo, será a força a prevalecer.

Necessário, então, reconhecer que, no Pará, trincou-se um elemento essencial, ao Estado democrático de direitos: o controle interpoderes.

E a pergunta que se impõe é: como nós, cidadãos, permitimos chegar-se a essa situação e o que a justifica?

Não terá a História já nos ensinado o suficiente sobre o efeito nefasto – até sobre o mandatário – dessa condição de intocabilidade?

Dessa plenipotência - e decorrente certeza de impunidade - permitida a cidadãos que mais não deveriam ser que gerentes da res publica, com ação balizada pelos estritos limites legais e pelo interesse societário?

Porém, o mais incrível é que tais posturas vão na contramão de todos os supostos da social-democracia.

Porque impossível imaginar sociedades fortes, educadas, politizadas, a vicejar em terreno autoritário, especialmente, num estado onde inexiste, massivamente, sequer o conhecimento do significado da Cidadania.

E impossível, por conseguinte, imaginar que sociedades assim construídas possam, de fato, assumir o controle do Estado, para que esteja, em verdade, a serviço de todos, a promover a justa partição da riqueza socialmente gerada.

Infelizmente, forçoso é admitir que o PSDB – e o paraense, especialmente – padece de um erro genético: assumiu, demasiado cedo, o poder.

Não teve tempo de construir uma fisionomia e um corpo teórico coerente, a partir de um exaustivo debate acerca da necessidade democrática, em contraponto à ditadura ou democracia proletária - como se prefira chamar a hipótese leninista. Mítica e segmentada, qual a democracia/ditadura burguesa.

Seguiu quem lhe parecia “portar a luz”. Fez-se, então, à imagem e semelhança do que pretendia combater – e talvez, até, um pouco pior. Incorporou o fisiologismo, o assistencialismo, o messianismo, o personalismo e tudo o que de pior a política já produziu.

E, a coroar tudo isso, também “reiluminou” (tá certo?) o despotismo, cujo combate, em sociedades frágeis e empobrecidas, consome, necessariamente, gerações.

Uma pena, especialmente, quando se tem em mente os intelectuais que o PSDB possui.

Que, até pela condição de intelectuais, deveriam possuir um pouco mais de humildade. Não apenas diante do conhecimento. Mas, sobretudo, das capacidades societárias que imaginam compreender.

Ou, em analogia ao finado Mário Covas: que venham os ovos. Passaremos, corajosamente, entre eles. Mas, não é por isso, que deixaremos de defender, intransigentemente, a necessidade de existência deles. E, principalmente, de quem os atirou.

sábado, 5 de agosto de 2006

Xeque two!

Macunaíma

Vou-me embora, vou-me embora
Eu aqui volto mais não
Vou morar no infinito
E virar constelação

Portela apresenta
Portela apresenta do folclore tradições
Milagres do sertão à mata virgem
Assombrada com mil tentações
Cy, a rainha mãe do mato
Macunaíma fascinou
E ao luar se fez poema
Mas ao filho encarnado
Toda maldição legou

Macunaíma indio, branco, catimbeiro
Negro, sonso, feiticeiro
Mata a cobra e dá um nó

Cy em forma de estrela
A Macunaíma dá
Um talismã que ele perde e sai a vagar
Canta o uirapuru e encanta
Liberta a magoa do seu triste coração
Negrinho do pastoreio foi a sua salvação
E derrotando o gigante
Era o marques Piaimã
Macunaíma volta com a muiraquitã
Marupiara na luta e no amor
Quando sua pedra para sempre o monstro levou
O nosso herói assim cantou

Vou-me embora, vou-me embora
Eu aqui volto mais não
Vou morar no infinito
E virar constelação
(Composição: David Correa/Norival Reis


(Égua do movimento besta! Não concordas?)